Euglossini

As abelhas das orquídeas

As abelhas Euglossini despertaram a atenção dos pesquisadores há mais de 150 anos, mas foi por volta de 1950 que elas passaram a ser mais estudadas, quando viu-se que apenas os machos da tribo visitavam as flores das orquídeas e nelas coletavam substâncias aromáticas.
Hoje sabe-se que os machos de Euglossini coletam substâncias aromáticas em várias fontes, não só em orquídeas. Alguns compostos sintéticos (vanilina, cineol, eugenol, escatol, etc.) similares aos encontrados nas flores das orquídeas são utilizados para coletar essas abelhas, o que facilita muito alguns estudos realizados com elas.
No momento da coleta o macho raspa, com auxílio de pêlos que possui nos tarsos das pernas anteriores, a superfície que contém o composto aromático, após isso, ele voa pairando próximo à fonte do composto e transfere, nesse momento, o material coletado para suas pernas medianas e daí transfere-o para a "cicatriz" que possue nas tíbias do terceiro par de pernas. Todo esse processo pode levar de alguns segundos a vários minutos. O motivo ou finalidade desse comportamento ainda não está inteiramente compreendido, porém acredita-se que ele esteja envolvido no processo reprodutivo dessas abelhas.
São reconhecidos 5 gêneros dentro da tribo, cuja distribuição é exclusivamente Neotropical: Eulaema, Euglossa, Eufriesea (=Euplusia) que constroem e aprovisionam seus ninhos. Exaerete e Aglae que são parasitas de ninhos de Eulaema e Eufriesea (veja aqui a listagem de todas as espécies descritas de Euglossini e a distribuição delas).
Outro aspecto que chama atenção é a distinção dos representantes da tribo em relação aos demais Apidae (família que além dos Euglossini agrupa abelhas como as abelhas sem ferrão, a abelha melífera e abelhas do gênero Bombus). Assim, o tegumento dos Euglossini e brilhante, muitas vezes metálico, a língua extremamente longa, o vôo rápido e longo, existindo relatos de abelhas que percorreram distancias próximas a 20 Km.
Alguns estudos sobre degradação ambiental utilizam estas abelhas como indicadores do grau de pertubação local. Os processos coevolutivos envolvidos nas relações Euglossini-orquídeas fazem dessas abelhas polinizadores efetivos dessas plantas, contribuindo muito para a disperção do pólen entre populações isoladas e distantes entre si.